segunda-feira, 13 de junho de 2011

A minha viagem

Os Caminhos de Santiago sempre me fascinaram pela aventura e desafio que proporcionam.

O permanente desejo de superação, o contacto com a natureza, o gosto de percorrer longas distâncias num exercício de grande liberdade e autonomia, levaram-me desta vez a percorrer este Caminho que sempre ambicionei fazer.

Na verdade, ainda antes de querer fazer o Caminho Português ou mesmo o Francês, a Via da Prata sempre esteve na minha mente. Por tudo aquilo que tinha lido e relido, tinha a certeza que esta seria a "minha" viagem. E assim foi.

Comparativamente com outros Caminhos, é sem duvida mais duro, mais longo, muito menos comercial e também por isso mais intenso. São km's e km's de isolamento total onde estamos em comunhão completa com a natureza. Locais verdadeiramente inóspitos e onde apenas os animais e a floresta são os nossos companheiros.

Percorrer um caminho como este é algo que não se explica. Sente-se simplesmente.

Um caminho com 3000 anos que nos proporciona uma aventura fascinante a um passado já distante mas percorrido até aos dias de hoje por milhares de peregrinos...

Agradeço ao meu amigo Amândio o prazer da sua amizade e companheirismo. É bom ter amigos assim.

Um obrigado especial ao amigo Sousa, companheiro de todas as horas.

A todos aqueles que, de uma forma ou de outra, nos apoiaram, aqui fica o meu abraço sentido de amizade.

Mais de 1000km depois, cheguei lá...

Missão cumprida.

Ultreia!

domingo, 12 de junho de 2011

Nota Final

Diferenças …


Depois de aPORTOar muitos me perguntam qual a principal diferença relativamente ao Caminho Francês.


Direi que são incomparáveis, embora naturalmente com pontos de contacto. O primeiro foi mais intimista, isto é, foi um exercício mais afectivo (celebração dos meus 50 anos) e a Via de La Plata, uma experiência de grande liberdade, percorrendo grandes espaços geográficos na maior parte das vezes sem contacto humano ao longo de extensos kms, numa interacção permanente com os animais, com a floresta, com os céus, com os riachos, com os odores, com alguns peregrinos, mas sobretudo com nós próprios, em que tive a noção perfeita que como peregrino faço parte de um TODO.


Foi sobretudo uma viagem de grande prazer, praticando um desporto que tanto aprecio e em total Liberdade.


Resumiria o meu sentimento a este registo de Cervantes, gravado numa parede de Salamanca:
“A Liberdade, Sancho, é um dos dons mais precioso que aos homens deram os céus: não se lhe podem igualar os tesouros que há na terra, nem os que o mar encobre; pela liberdade, da mesma forma que pela honra, se deve de arriscar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro, é o maior mal que se pode acudir aos homens.” Cervantes, D. Quixote de La Mancha, Cap. LVIII


Agradeço, ao meu companheiro e amigo Marco Magalhães, todo o apoio, amizade e companhia.

Ao Aureliano Leça, as mensagens que tanto nos comoveram, e ao Manuel Correia todos os energéticos SMS de estímulo.


E por último ao Alberto Sousa pela sua amizade e enorme solidariedade.


Para todos os que nos acompanharam, envio um forte abraço de amizade.


ULTREIA!!!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Etapa 11 - Puente Ulla - Santiago de Compostela

23,5 km - 530m acumulado Iniciamos a última etapa num misto de satisfação pela aproximação do nosso destino final e com alguma tristeza por terminarmos mais uma grande travessia.

Fomos saboreando cada metro destes últimos km's finais contemplando ainda com mais intensidade tudo o que nos rodeava e recordando com uma imensa nostalgia cada uma das intensas experiências vividas nos últimos dias.

Não se pode dizer que tenha sido uma etapa de passeio porque os Galegos sempre põem umas "rampitas" e logo a seguir outras mais, de forma a que até ao último metro não tenhamos frio.

A ermida de Stª Lucia, Piñero e Angrois e por fim o Caminho Real conduzem-nos a Santiago. Foi o terceiro rumo diferente em direcção à Catedral de Santiago, todos bonitos ao nossos olhos de peregrinos, no entanto este por percorrermos até mesmo à entradinha da Cidade do Apostolo, trilhos rurais pareceu-nos mais encantador e que tudo tinha a ver com este percurso de contacto intenso com a natureza.

Depois de 1.000 km de Sul a Norte, por caminhos, ladeiras e trilhos, a Magnifica Catedral de Santiago estava à nossa espera, para satisfazer o que até aquele momento tinha sido uma ambição.Não conseguimos expressar por palavras a colossal satisfação que é entrar na Praça do Obradoiro na condição de Peregrino. A emoção toma conta de nós tal é o significado de completar um objectivo alimentado ao longo de tantos meses e que implicam tantos sacrifícios pessoais e familiares. A Luz e a Alegria materializam-se ao ponto de parecer que levitamos... É verdadeiramente indescritível.

Tal era a alegria, que vários peregrinos e turistas que por ali transitavam nos tiraram fotografias!!!Na missa do Peregrinos a que assistimos logo de seguida, fomos uma vez mais agraciados, com a cerimónia do "Bota Fumeiro", momento único e que nem sempre tem lugar na missa diária em honra do peregrino. Registo para um casal de peregrinos coreanos que estavam particularmente emocionados e que se despediram de nós com um fortíssimo abraço (é este o espírito).

Após as formalidades da obtenção da Compostelana (atestando que foi percorrida a Via da Prata), fomos comer um delicioso "bocadillo" com uma bela duma caña (a primeira bebida alcoólica desde Sevilha).










Rumamos após este lauto manjar, até à Estação de Comboios para o regresso ao Porto.

Tínhamos decidido depois de ouvidas as nossas pernas (sempre preparadas para pedalar) e as nossas saudades (o eco da família era agora demasiado forte) que regressaríamos ao Porto.

Outra aventura, meter as bikes dentro do Ave de média distância e engaixa-las no suporte para as bicis. Trabalhos difíceis já com o trem em movimento...












Após quatro longas horas de comboio, juntamente com outros peregrinos chegamos à Invicta Cidade do Porto.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Etapa 10 - Ourense - Puente Ulla

91km - 1860m acumulado

A manha acordou fria em Ourense e la saimos do Albergue para tomar o pequeno almoco.
A saida da cidade é sempre um problema e demoramos algum tempo ate o fazermos na totalidade.

E que saida esta...comecamos a subir por entre ruas estreitas e empredradas e em 6km ja tinhamos 750m de acumulado...um valente aquecimento.

Apartir do topo, percorremos trilhos celta com permanentes subidas e descidas...nao havia lugar para descansar. Um verdadeiro rompe pernas..

A chegada a Cea, conhecida pelo fantastico pao cozido a lenha, deu-se pelo final da manha, onde aproveitamos uma mercearia aberta para comprar alguma fruta. Curioso o facto de a proprietaria ser portuguesa de Sto Tirso e estar residir nesta localidade ja la vao 10 anos.
A dada altura, o percurso ate Laxe permitia-nos duas variantes...e optamos pela mais curta.
No entanto, conseguimos a proeza de nos enganar e alem de fazer o previsto ainda percorremos mais km que a variante mais longa...Nao ha duvidas...estamos em boa forma!

Os trilhos continuam a ser variados e percorrem florestas de carvalhos, castanheiros e outras arvores, que dao uma cor especial ao tracado.


Hoje tivemos a oportunidade de nos cruzarmos com varios animais, entre os quais, duas raposas, coelhos e ate uma corsa.

À passagem por Puente Ulla, e com 17km por percorrer, resolvemos ficar e percorrer o restante amanha.

Estamos muito proximo de Santiago e queremos disfrutar do momento. Amanha é o ultimo e grande dia e ja sentimos os odores do Botafumeiro.

Com a vossa forca e incentivo, conseguiremos concretizar o nosso sonho!

Ate amanha!

Etapa 9 - Lubián - Ourense

117km - 1890m acumulado

Eram 08:00 quando saimos do albergue e tinhamos logo a partida duas adversidades, o frio (estavamos em montanha) e o muito nevoeiro.

Pedalada a pedalada iamos percorrendo o caminho e vencendo o primeiro pico do dia o alto da canda a 1.250m, estava mesmo frio e tivemos que vestir toda a roupa.

Chegados ao alto a recompensa foi enorme, uma vista a 360 graus com o Rio Minho no horizonte, indiscritivel esta imagem que de tao grandiosa nao e possivel ser registada em qualquer camara.

A descida para A Gudina continuava fria mas que nos proporcionou km de puro gozo de btt.

Neste percurso, de locais verdadeiramente inospitos, cruzamo-nos com varios peregrinos que tal como nos patilham a vontade de chegar a Santiago. Uma delas mereceu a nossa atencao, dado que trazia a reboque todo o seu equipamento. Nao era uma mochila, mas um atrelado que se prendia ao seu corpo. Uma atletica francesa...

Chegados a Laza foi o momento de repousarmos e almocarmos... ja estavamos a precisar.

Apos o excelente almoco, tivemos como sobremesa o segundo pico do dia, a subida para Albergaria. O atrelado ao dava treguas e momentos houve em que tivemos que desmontar os sacos da " La Traquitana", para ultrapassar as dificuldades do percurso.

Na descida para Vilar de Barrio, so tinhamos a nossa mente ocupada com um pensamento, chegar a um local onde pudessemos ter uma refeicao que compensasse a do dia anterior e acesso a net. Essa opcao so poderia passar por Ourense e fizemos um esforco para concluir uma etapa mais longa que o previsto.

Infelizmente ja chegamos a Ourense algo tarde, o que nao nos permitiu tempo suficiente para a resenha do dia. O Albergue Municipal foi a nossa casa e por volta das 22:00 ja estavamos a assistir ao concerto da noite "O roncar dos Peregrinos".

Etapa 8 - Sta Croya de Tera - Lubián

105km - 1390m acumulado

A estadia no Albergue Anita, em Sta Croya de Tera revelou-se uma excelente opcao. Fomos recebidos com muita simpatia e foi-nos proporcionada uma noite muito agradavel.

Junto connosco, estavam peregrinos de outras nacionalidades...Alemanha, Espanha, Franca, Dinamarca...um misto de culturas que foram dissecadas num jantar comum.

A partida deu-se novamente pelas 07:00 e logo que cruzamos o rio Tera, entramos em Sta Marta de Tera, local onde viajamos ao longo do curso de agua com bosques ao nosso redor e imensos choupos que nos proporcionaram uma vista fantastica.


Fomos subindo por localidades pequenas e isoladas, Calzadilla de Tera e Olleros de Tera, e pedalada a pedalada cruzamos o rio Negro até chegarmos a Mombuey.

Aqui, destacamos a igreja de Nossa Senhora da Assuncao, com arquitectura propria dos Templarios.

Sempre que o caminho cruzava a estrada nacional, eramos recebidos com entusiasticas buzinadelas de camionistas portugueses, atentos à bandeira do nosso atrelado.

Depois de Mombuey, la seguimos em zona de terreno plano, ate uma das cidades mais bonitas que atravessamos: Puebla Sanabria.Estavamos tao perto de Portugal e ja conseguiamos sentir o calor da nossa familia.


Em Puebla Sanabria, visitamos o casco antigo, tiramos as fotos da praxe e almocamos por la. Sentiamo-nos bem aqui...uma cidade a visitar numa proxima oportunidade.
Destacamos a vegetacao e a arquitectura tipicamente de montanha.

Tinhamos planeado pernoitar em Requejo, mas como o andamento estava forte, resolvemos continuar. Perguntamos a uns policias se a proxima paragem tinha condicoes de la ficarmos, ao que nos foi dito que nao teriamos problemas. Assim fizemos e metemo-nos ao caminho para ultrapassar a grande dificuldade do dia, a subida ao alto de Padronelo (1300m de altitude).

Foram 7km de dura subida, comecamos a descer para Lubian, onde la chegamos por volta das 17:00. O albergue era do mais simples que encontramos e o jantar apenas conseguimos um "bocadillo".
Era Domingo...vida de peregrino.

sábado, 4 de junho de 2011

Etapa 7 - Zamora - Santa Croya de Tera

88km - 900m acumulado

Ainda antes da descriçao do dia de hoje, importa fazer referencia a um "pequenino" pormenor ocorrida na noite de ontem.

Com a preocupaçao de manter os nossos queridos leitores actualizados, esticamo-nos nas horas e depois de um belo jantar, fomos para a internet colocar as fotos e completar a descriçao.

Quando demos pelas horas, eram 23:00 e quando chegamos ao albergue...a porta estava fechada! Tinha fechado..às 22:00! Problema à vista...

Um simples porta estava entre o nosso descanso e o relento. Tocamos à porta...uma e outra vez...nada! Telefonamos ao hospedeiro...nada! Batemos à janela...nada!
O final parecia ser negro...muito negro...mas com estrelas!

Até que a porta se abre e salta de lá o enorme alemao que esta a gerir o albergue. Ufa !

La fomos descansar rapidamente e sem barulho...troca de roupa no corredor e toca de ir para a cama. Safamo-nos desta...

O dia de hoje, fomos recebidos pelos peregrinos do albergue e com muita simpatia la fomos tomar o pequeno almoço em conjunto.

De referir, que se trata de um excelente albergue (gratuito) e que recomendamos vivamente a quem pretenda pernoitar em Zamora, que o elega. 5 estrelas! Zamora sabe receber!


Os km's foram percorridos novamente com todo o prazer e com paisagens que tiram a respiraçao e fazem com que nao queiramos sair destes locais.


Hoje sabiamos que seria um dia especial...em Granja de Moruruela, iriamos alterar o azimute para o Ocidente. Aguardavamos a muito este momento de reposicionamento geografico.
Hoje tambem foi dia para saborear as cerejas que connosco viajavam desde Salamanca. No meio do monte, paramos para um merecido descanso e tomar o gosto a um sobremesa diferente.

As paisagens, essas continuam a ser verdadeiramente impressionantes. Com a passagem a caminho de Sanabria, já se comeca a dislumbrar uma diferente paisagem.
O piso é mais duro do que até agora, a vegetacao mais densa, e até o clima se começa a alterar.


Cruzamo-nos com varios peregrinos pelo Caminho, e a todos eles desejavamos "Bon Camiño". Um deles, percorria desde Cordoba a cavalo a Via da Prata. Falamos um pouco com ele tentamos perceber a logistica de percorrer uma viagem atraves deste meio de transporte.

O fim do dia estava proximo, e resolvemos fazer a paragem prevista em Santa Croya de Tera. Um albergue de peregrinos muito interessante e que nos dá todas as condiçoes para descansar de mais um dia de "duro trabalho".

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Etapa 6 - Fuenteroble de Salvatierra - Zamora

117km - 1040m acumulado

Hoje o despertar foi mais cedo: 06:00. Tinhamos decidido na noite anterior chegar a Salamanca para ao almoço e por isso tinhamos que percorrer os pouco mais de 50km até esta cidade.







Foi uma noite dificil, uma vez que ficamos sem cobertura móvel, sem bateria nos telemoveis, sem bateria nas maquinas fotograficas...bom...o dia começava a prometer!

Quando chegamos cá fora, um frio de rachar com cerca de 6 graus gelou-nos as maos e pes. Os primeiros km's foram dificeis...mas a paisagem e a luz da manha compensaram todo o sofrimento de pedalar ainda no escuro.

Cruzamos com trilhos fabulosos, onde eramos acompanhados por bandos de passaros que mais pareciam enxames de abelhas...



As vacas e bois continuavam ao nosso lado e a partilhar o nosso Caminho...



Tivemos que ter algum cuidado, para que eles nao nos abalroassem para protegerem as suas crias...ainda apanhamos alguns sustos!

Ja passava das 09:00 quando encontramos o primeiro cafe aberto...e que bela surpresa tivemos.

Fomos recebidos pela Isa, que nos mimou com um desayuno que nos soube pela vida. Simpatica esta "barwomen" com quem trocamos algumas conversas sobre Portugal e esta vizinha Espanha.

Mais uma vez, este Caminho revela-se distante de tudo e de todos, e quem sabe ate do mundo. Atravessamos dezenas de povoaçoes onde nao se via ninguem, que mais pareciam localidades fantasma.

Depois...bem, depois chegou o momento do dia...a chegada a Salamanca.

Um assombro de imagem. A aproximaçao a esta cidade era visivel a uma dezena de km e onde facilmente sobressaiam os pinaculos da Catedral.


Fizemos uma paragem prolongada para podermos tirar as fotos e tentar reparar uma pequena avaria no travao traseiro.


Da parte da tarde, a viagem continuou linda e inesquecivel.

Ja quase a chegar ao nosso destino, ao atravessar uma seara e já debaixo de altas temperaturas, alguem perguntou: "Estou a sentir a perna molhada...Sera uma nuvem que nos esta a molhar?"
Passado pouco tempo veio a resposta...a "chuva" era apenas o gel da camara do pneu dianteiro da Lycan que, com um furo, comecou a tapar o buraco. Abençoada tecnologia tubeless!

Apos 117km chegamos a Zamora.




Etapa 5 - Carcoboso - Fuenteroble de Salvatierra


98km - 1100m acumulado

O dia começou novamente cedo, com despertar pelas 06:30.

Pequeno alomoço no hostal onde pernoitamos e siga para o Caminho. A manhã estava fresca mas nada de muito frio.

Fomos percorrendo o resto do deserto que nos faltou ontem (deserto, no sentido em que literalmente não se vê ninguém ao longo de dezenas de km's) e novamente com paisagens verdadeiramente incríveis.

Começamos a não ter palavras para descrever todos os locais por onde passamos.

Ao km 21, encontramos o simbolo central da Via da Prata: o Arco de Cáparra. Trata-se de um arco de 4 pilares, já descrito por Ptolomeu e é indescritivel a sensação de estar num local tão mitico onde se cruzam tanta gente desde tempos imemoriais.



Depois desta paragem obrigatoria para fotos e registos, fomos superar Puerto de Bejar, a 900m de altitude. Foi uma subida de 8km desde Baños de Montemayor e que nos levou ao topo.

Pelo meio fizemos uma pausa para almoço volante (a já famosa bocadillo de jamon) que tinhamos comprado no inicio da manha.

As imagens e locais continuaram a ser inimaginaveis, atravessando varios trechos de agua onde nos tivemos que aplicar para os transpor.



Tinhamos previsto ficar em S.P. Rozados, mas quando chegamos a Fuenteroble de Salvatierra, fomos tao bem acolhidos pelos voluntarios do Albergue do Padre Bras, que decidimos ficar.

Um albergue gratuito que sobrevive e é mantido apenas com os donativos que os peregrinos lá deixam.

98km depois estavamos a descansar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Etapa 4 - Caceres - Carcoboso


98km - 850m acumulado

Saimos de Caceres por volta das 07:30, e logo entramos no Caminho. Tinhamos decidido tomar o pequeno almoço ainda em Caceres mas tal nao foi possivel. Parariamos assim que encontrassemos um café aberto.

Tivemos direito a uma trialeira espectacular e paisagens verdadeiramente admiraveis...Nem tinhamos fome para parar...Apenas nos limitavamos a contemplar o que nos rodeava, ajudado pelos primeiros raios do dia.

O sol estava a brilhar mas uma brisa proporcionava excelentes condições para pedalar.
Depois de Casar de Caceres, e de um belo pequeno almoço (tostada com tomate e azeite), seguimos para mais trilhos soberdos e novamente paisagens de encantar.


Tinhamos a companhia do silêncio e do vento...ovelhas..vacas...e muitas águias e falcões. Um sonho !

De seguida, entramos numa calçada romana em descida, e de tao espectacular que era, que o atrelado entusiasmou-se e ganhando vida propria ultrapassou a bicicleta e saltou fora...Pensamos o pior...mas afinal tinha apenas desencaixado.


Depois deste pequeno susto, continuamos a descer até ficarmos bem perto do Rio Tejo. Fomo-nos cruzando com outros peregrinos, a pé e bicicleta até Cañaveral, onde almocamos debaixo de uma esplanada.

Da parte da tarde, iniciamos uma verdadeira travessia do deserto, debaixo de um calor tórrido e com poucos pontos de abastecimento de agua.

Por volta das 17:30, chegamos a Carcaboso e ponderamos a hipótese de seguir até Oliva de Placencia, uma vez que esta zona não tem muitas soluçoes para pernoitar.

O dia já ia longo e decidimos ficar por aqui, juntamente com outros bicigrinos.

Esta etapa já está, amanha continuamos a travessia do deserto.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Etapa 3 - Torremejia - Caceres


91km - 780m acumulado

A noite foi passada...ao som de uns belos roncares de outros peregrinos, que nos impossibilitaram de repousar completamente do dia anterior.

O dia amanheceu com bastante nevoeiro, o que nos obrigou no decorrer dos primeiros km's, a usar as luzes reflectoras de presença.

O inicio do Caminho parecia prometedor e lá fomos com todas as ganas para cima da terra...
Poucos metros tinhamos percorrido no Caminho, quando o barro nos pregou a partida que nunca queriamos. Aderiu aos pneus com força tal que quase nos afundamos...No fundo, foram 5 minutos a entrar no Caminho...e 45 para sair dele.

Fomos obrigados a trabalhos forçados para arrancar todo o barro das bicicletas, e só em Merida conseguimos dar uma bela banhoca às ditas.




A visita a Merida confirmou as nossas expectativas uma vez que se trata de uma cidade histórica e considerada a capital da Via da Prata.

Perante tamanho deslumbramento, acabamos por nos esquecer de um pormenor muito importante: carimbar a credencial em Merida...Ficamos inconsoláveis...

Depois de Merida e até Valedesalor, optamos por efectuar o Caminho por estrada, uma vez que ainda conseguiamos ver o barro em partes do percurso do caminho.

Os últimos 14 km, voltamos a entrar no caminho e fazer este percurso em terreno seco e satisfazer o gosto de voltar a pisar a terra...sem barro!!

Ave Caceres !!!